#PraCegoVer. No canto superior esquerdo tem a logo do site Acessibilidade em foco: Fundo cinza claro; no centro, o desenho de um olho, estilizado. O olho está desenhado com uma linha verde, grossa; a pupila, no centro, é amarela. Abaixo, a palavra Acessibilidade está escrita no centro, em letras maiúsculas, cinzentas e em tamanho grande. Abaixo dela, também no centro, as palavras Em foco, escritas em tamanho menor, na cor verde. Elas estão inclinadas (em itálico). Fim da descrição.

Acessibilidade em Foco


31 dicas para tratar uma pessoa com deficiência visual


Atitudes perante a pessoa com deficiência visual
1. Não se dirija a uma pessoa com deficiência visual chamando-a de ceguinha ou mesmo de cega. Você pode não perceber a falta de educação que é chamar uma pessoa pela sua deficiência, mas chamar uma pessoa assim, não só é de extrema indelicadeza, como também pode ofender a pessoa a quem você assim designa.
2. Quando estiver conversando com uma pessoa com deficiência visual, não receie o uso de palavras tais como cega e cegueira, pois ao tentar evitá-las, você estará reforçando idéias e comportamentos preconceituosos. A cegueira não é desgraça, mesmo quando impõe limitações. De fato, não será a cegueira ou a baixa visão que impedirá a pessoa com deficiência visual de ter uma vida absolutamente normal, plena, saudàvel, feliz e produtiva. Uma sociedade repleta de barreiras atitudinais, cheia de obstáculos e desrespeitosa dos direitos humanos da pessoa com deficiência, contudo, certamente vai acabar incapacitando as pessoas com deficiência e demais membros da sociedade.
3. A pessoa com deficiência visual não precisa de pena, mas respeito aos seus direitos e igualdade de oportunidade de acesso aos bens e serviços de sua sociedade. A cegueira não é um castigo, desingnio de Deus ou coisa assim. A pessoa com deficiência visual vai viver bem obrigado se você não lhe impuser barreiras atitudinais, comunicacionais e físicas que lhe dificultem o dia-a-dia.
4. Não recuse a colaboração de uma pessoa com deficiência. Como qualquer outra pessoa, ela lhe poderá ser de grande ajuda. Você deve entender que a deficiência, no caso de uma pessoa com deficiência visual, está no sistema visual e não na pessoa ou no que ela faz.
5. Não trate uma pessoa com deficiência visual como um ser diferente, só por ela ter uma deficiência visual. Todos somos diferentes, simplesmente pelo fato de sermos seres humanos. Por outro lado, a pessoa com deficiência não está alheia aos gostos, costumes e anseios da sociedade em que vive. Ela também se interessa ou pode vir a estar interessada em tudo quanto é de interesse das demais pessoas dessa mesma sociedade.
6. Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa com deficiência visual. A natureza nos dotou, a todos, de diferenças individuais, manifestas ou não. Pessoas cegas ou com baixa visão, portanto, terão as mesmas variações de caráter, de moral e de ética que as pessoas que enxergam.
7. Não incapacite a pessoa com deficiência visual quando a cegueira ou a baixa visão apenas lhe impõem limitações. Agir com baixa expectativa para com a pessoa com deficiência a estará impedindo de fazer o que ela sabe, pode e deve fazer sozinha. Sua predisposição em acreditar na incapacidade da pessoa com deficiência pode, mesmo, levá-la a essa condição. Mas sua confiança na capacidade dela poderá permitir com que mostre quanto ela é capaz.
8. Não presuma, acredite, suponha ou fale sobre a existência de um sexto sentido, nem de compensação da natureza para perda da visão, perpetuando conceitos errôneos. A pessoa com deficiência visual simplesmente desenvolve recursos cognitivos, existentes em todas as pessoas, portanto em você também.
9. Não se dirija a uma pessoa com deficiência visual, falando por meio do acompanhante dela, supondo que a pessoa com deficiência visual não terá condições de lhe compreender ou de travar conversação com você. Ao invés disso, fale diretamente com ela. Além de você demonstrar sua boa educação, você poderá estar fazendo mais um amigo.
10. Ao invés de segurar uma pessoa com deficiência visual pelo braço (a não ser que ela assim o prefira), deixe que ela segure o seu braço, pois seguindo o movimento de seu andar, ela poderá perceber melhor o caminho a ser percorrido.
11. Não carregue, levante ou puxe uma pessoa com deficiência visual numa condução, ou numa escada, nem a gire pelo braço, empurrando-lhe uma cadeira para que se sente contra sua vontade. Ao contràrio, informe-lhe da existência de um assento vago na fila ou lhe oriente a mão até o encosto da cadeira, para que possa orientar-se e sentar-se, caso assim o deseje.
12. Não diga apenas direita ou esquerda, ou ainda, aqui ou ali, ao orientar uma pessoa com deficiência visual, essas informações são falhas e imprecisas. Seja claro em suas orientações, dizendo a ela o que está à sua frente ou em que posição se encontra um dado objeto.
13. Não deixe portas entreabertas no caminho de uma pessoa cega, mesmo que não tenha sido você que as abriu. As portas entreabertas no caminho são um sério risco para a integridade física da pessoa com deficiência visual. Ela poderá não perceber a imprudência de quem deixou a porta entreaberta e se machucar ao colidir contra esse obstáculo. Obs. o alerta vale para outros objetos, mobílias e quaisquer obstáculos deixados inadvertidamente no caminho e, certamente, constitui importante fator de segurança para as pessoas sem deficiência também.
14. Ao entrar num recinto onde se encontra uma pessoa com deficiência visual, fale com ela (chamando-a por seu nome). Não se esqueça de se identificar também. Isto a ajudará a reconhecê-lo, e evitará confusões.
15. Se estiver conversando com uma pessoa com deficiência visual, avise-a ao se afastar dela, principalmente, se o local for ruidoso, pois ela poderá não perceber que você saiu e continuar falando sozinha, o que a colocará numa situação embaraçosa.
16. Ao encontrar uma pessoa com deficiência visual, não perca tempo em perguntar-lhe: "sabe quem sou eu?", Qual é meu nome?, nem se anuncie a todo instante, quando ela já conhecer a sua voz, a não ser que o ambiente seja ruidoso e assim se faça necessário esse anúncio. Ficar perguntando quem sou eu? ou â€Squal é meu nome? etc, pode ser desagradável para a pessoa com deficiência visual e pode colocá-la em situação desconfortà¡vel, caso ela não se lembre do seu nome, ou não reconheça sua voz. Além disso, é uma tremenda perda de tempo!
17. Não deixe de informar à pessoa cega a respeito de inadequações ou desalinhos na sua aparência, em suas roupas, calçados etc. Faça o, contudo, com discrição e delicadeza para que ela não passe por situações constrangedoras.
18. Ao apresentar uma pessoa com deficiência visual a alguém, façao numa posição correta (direcione-a para pessoa a que ela está sendo apresentada), evitando que a pessoa com deficiência visual estenda a mão na direção errada, ficando com a mão estendida no ar. Isso pode ser constrangedor e é plenamente evitável. Quando você for apresentado a uma pessoa com deficiência visual, coloque-se à frente dela e direcione a mão para a dela, sempre que necessário. Lembre-se, também, de lhe dar pistas sonoras de onde você está.
19. Ao comer com uma pessoa com deficiência visual, não lhe oriente, a todo tempo, o seu garfo ou sua colher, nem fique arrumando a comida dela no prato, com seu talher. Oriente-a apenas quando for extremamente necessário, ou quando ela manifestar querer sua ajuda.
20. Pergunte sempre a uma pessoa com deficiência visual se ela deseja que você a ajude pegar, cortar ou preparar um alimento, antes de fazer isso por ela. Oriente-a como fazer essas tarefas por si mesmas, descrevendo-lhe como o prato está feito e lhe dando dicas que possam facilitar a ação de cortar ou pegar um alimento.
21. Ao servir um alimento, uma bebida ou qualquer outra coisa a uma pessoa com deficiência visual, anuncie-lhe as opções para que ela faça sua escolha; pergunte-lhe se ela deseja o que você lhe está oferecendo; e lhe entregue na mão ou coloque em um lugar seguro para que ela pegue o que escolheu.
22. Ofereça ajuda a uma pessoa cega que pretenda atravessar a rua ou tomar uma condução. Ainda que o oferecimento seja recusado ou mal recebido por algumas pessoas com deficiência visual, a maioria lhe agradecerá e você estará contribuindo para uma travessia mais rápida e segura dessa pessoa.
23. Quando passear com uma pessoa com deficiência visual que já estiver acompanhada, não a pegue pelo outro braço, nem lhe dê avisos a todo instante. Deixe-a ser orientada só por quem a estiver guiando. Mas, se perceber a inabilidade do guia ou sua distração, intervenha para evitar acidentes que coloquem em risco a integridade física da pessoa com deficiência visual.
24. Ao atravessar a rua com uma pessoa com deficiência visual, ofereça-lhe o cotovelo para que segure, e faça a travessia sempre em linha reta, pois do contrário ela poderá confundir-se na orientação. Atravessar uma rua em diagonal é perigoso para todos e não é recomendável a ninguém, principalmente quando você estiver com pessoas idosas, com crianças pequenas, com pessoas com deficiência e com pessoas de quem você gosta.
25. Apresente o seu visitante com deficiência visual a todas as pessoas do grupo. Assim procedendo, você facilitará a integração delas com ele e demonstrará sua boa educação.
26. Acolha bem uma pessoa com deficiência visual em seu estabelecimento de ensino. Dificultar ou impedir a matrícula de uma pessoa com deficiência constitui discriminação punível por lei. Ao evitar o ingresso da pessoa cega na escola, está prestando um desserviço à educação, à sua escola e aos seus alunos. Além disso, você está sendo cruel com a pessoa com deficiência visual e com as pessoas que a amam.
27. Atenda bem a pessoa com deficiência visual em seu estabelecimento comercial ou de lazer. Além de ser ilegal dificultar ou impedir a entrada de uma pessoa com deficiência nesses estabelecimentos, você estará perdendo clientes em potencial: a pessoa com deficiência, seus pais, amigos e outros que tiverem contato com a pessoa discriminada. Pessoas com deficiência são consumidores e està£o protegidas pelos mesmos códigos legais, leis etc, que os demais cidadãos, além de serem protegidas por legislação específica, que visam coibir abusos contra essas pessoas.
28. Não negue a entrada de uma pessoa com deficiência visual, acompanhada de seu cão-guia a estabelecimentos comerciais, consultórios, clubes, escolas ou quaisquer outros ambientes públicos ou particulares de uso público. Impedir ou dificultar o acesso da pessoa com deficiência visual com seu cà£o nesses ambientes é ilegal e pode acarretar-lhe multa e outras sanções de ordem criminal. Uma pessoa com deficiência visual tem em seu cão-guia a ferramenta assistiva necessária e garantidora de seu direito de ir e vir, portanto respeite também a esse direito.
29. Não negue emprego a uma pessoa com deficiência visual, por conta de sua deficiência. Isso é desumano e criminoso, de acordo com as leis vigentes em nosso país. Um empregado cego qualificado para a função que pleiteie serà¡ tão bom profissional quanto outro bom profissional, igualmente qualificado. A diferença deles não estará na visão de um e na cegueira do outro, mas na qualificação do empregado para a função, independentemente de sua deficiência.
30. Nem todas as pessoas com deficiência visual são cegas. Muitas têm baixa visão ou enxergam um pouco. Colabore para com que essas pessoas possam fazer uso ótimo de sua capacidade visual. Use letras grandes em seus textos, nas legendas e ao passar matéria na lousa. Também, use cores contrastantes nas letras e imagens, em suas peças publicitárias ou em trabalhos escolares e em ilustração de livros e outros escritos. Considerando as pessoas cegas, ofereça sempre descrições das figuras e outras imagens, bem como áudio-descrição dos filmes, slides e demais eventos visuais. Proporcionar uma comunicação acessàvel para todos é legal e farà tanto bem para a pessoa com deficiência visual, quanto para você mesmo. Todos ganharão!
31. Não tome uma característica de uma pessoa como sendo o todo dela. Uma pessoa com deficiência visual, cega ou com baixa visão não é a própria cegueira, mas uma pessoa completa, com gostos, desejos, sonhos etc. Se você encontrar com uma pessoa com deficiência visual e a considerar bonita, interessante, agradável etc., tome a iniciativa de informar-lhe disso. Se você não tomar essa iniciativa, ela poderá não descobrir o que você pensa a respeito dela. Então, vocês estarão perdendo a oportunidade de se tornarem amigos, namorados, parceiros etc.
Agindo de acordo com as orientações acima, você estará contribuindo decisivamente para a eliminação dos históricos preconceitos, discriminações e demais barreiras atitudinais que envolvem a pessoa com deficiência visual e a cegueira.
Não pense no que a pessoa com deficiência visual não pode fazer, mas pense no que juntos você e ela podem fazer para a construção de uma sociedade mais fraterna, plural e justa, onde a pessoa com deficiência visual possa viver digna, independentemente e na plenitude do exercício de suas potencialidades, sem os grilhões do preconceito e do estigma que a incapacitam de ser cidadã.


Texto escrito por Fernanda Oliveira


Curta nossa página no Facebook

Compartilhar no Facebook


Todos Direitos Reservados - Acessibilidade em Foco ®