Ela tem os olhos tão brilhantes que Ilumina o olhar de quem a fita.
E sempre oferece um abraço demorado, carinhoso, que fortalece o corpo trêmulo da velha senhora.
Traz um sorriso encantador no seu lindo rostinho, e com o seu jeito meigo presenteia a anciã com um beijo estalado.
A idosa, agora mais tranquila e alimentada de ternura, proseia com a doce menina:
- Qual o seu maior sonho, minha garotinha?
- O meu maior sonho é ser igual a você.
- Mas o que você vê nessa velha sem graça?
- O que eu vejo em você é amor, e amor não é sem graça!
Eu queria fazer um bolo tão gostoso como o seu e saber reparti-lo com sabedoria.
Eu queria ter sempre os braços abertos para receber quem chega com um abraço tão apertado quanto o seu.
Eu queria ter esse cheirinho de talco e esse seu cabelinho de nuvem.
Eu queria saber esperar a hora certa de falar.
Eu queria não ter medo de pesadelos e saber abraçar quem tem, como você faz comigo.
Eu queria saber fazer colchas de retalhos. Eu queria saber apreciar o sol, nem que seja por aquela frestinha que você aprecia. Eu queria fazer curativo nos machucadinhos sem arder.
Eu queria contar belas historinhas e por vezes inventar algumas.
Eu queria ter esse corpo tão quentinho.
Eu queria ter uma casa cheirosa assim, cheia de guloseimas.
Eu queria dizer para mim…”Eu te amo mais do que todas as estrelas do céu”.
Eu queria, como você, estar sempre aqui disponível para mim, Vovó.
Eu queria transbordar todo o amor do meu coração.
A vovó suspira, aquieta a sua alma, alimenta mais um pouco o seu respirar e aconchega o seu corpo com cuidado até o seu coração cansado repousar.
Texto escrito por Valéria Azevedo
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